sábado, 10 de setembro de 2011

3x4

Caiu. Despencou.
Um pedacinho do céu estava bruxuleante logo ali, como um passarinho que caiu do ninho e sobreviveu. Aparentemente só eu o vi, o resto do mundo estava ocupado de mais com as  coisas de seus próprios labirintos interiores.
O céu me olhava inquieto, com sua respiração ofegante. Não me respondeu quando eu perguntei se tinha se machucado. Abria os braços com força - não sei se eram braços, mas imaginei que fossem – como se estivesse implorando por um abraço. Partiu meu coração, pois quase chovia ao fazê-lo!
Insignificância - pensei eu quando me ajoelhei ao lado do céu. Eu e ele.
O abracei por um ou dois minutos, talvez horas, não lembro.
Ele então subiu, subiu pra tão alto que de repente não sabia mais se ainda o via ou era apenas minha imaginação.  Lá em cima me agradeceu tirando o chapéu, piscou de leve. Uma pecinha de quebra-cabeças encaixada. Quando o maior sorriso do mundo todo se abriu naquele dia ninguém viu. Mas eu vi.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Desconheci alguém.

O nome dele não sei, ele o esconde muito bem.
Ele usa um chapéu velho e azul e carrega sempre um espelho no bolso - precisa constatar de instante em instante que está vivo e que o rosto que conhece ainda é o mesmo.
Por dentro, seus pulsos cortados algumas três ou quatro vezes. Por dentro, medo e perigo transpostos.
Por fora, bonitos olhos de plástico.
Já queimou tantas vezes seu próprio amor, que está distorcido. Acabou...
Perambula no meio das ruas, perdido. Se foi.