quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Tempo que trauteia.

Dilúculo. O começo do dia é um prólogo. Um encontro com um céu inexplorado. Veio de fora um cheiro cheio de vida e de dentro veio a minha liberdade gritando; e são nessas horas tão raras que você sabe - com a mais pura certeza - que vai viver para sempre.
06:10 foi o nosso horário. Antes do Sol. Apenas nós. E tanto tempo se passa sem que sequer perceba o quanto a vida está viva. A vida está tão viva.
E não se pode esperar que o tempo espere. Ele simplesmente não espera.
E num piscar de olhos...

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Com zelo.




Kiriku est petit, mais c'est mon ami,
Kiriku n'est pas grand, mais il est vaillant.

sábado, 5 de novembro de 2011

Não me despeço daquilo que continuo amando.

Uma semana inteira se passou. Mais uma, uma a mais, uma a menos, lenta ou rápida de mais, ainda não sei de nada disso e é “rotina” - penso eu, porém quem sou para tamanha justificativa? Uma semana inteira se passou sem você.
A falta não veio quando recolhi as migalhas deixadas na garagem, nem quando nos primeiros dias notei a ausência de seus longos miados nas madrugadas. A falta real chegou tão tranqüila, que mesmo evitando-a, despercebi. Já estava ali.  Cadê meu gatinho? De repente, me peguei abrindo a janela e chamando por seu nome, sem respostas. A falta tomou seu lugar.
Como dolorosamente aprendi que tudo na vida passa, sei que de pouquinho em pouquinho não esperarei mais te encontrar em minhas pernas, enroscando-se pacientemente. Sei que a sua lembrança não me trará lágrimas, mas apenas os sorrisos que deixou com tudo o que fez. Sei que a vida me cobrirá com novos encantos, com novos amores, com novas emoções. Mas como poderia eu esquecer de cada carinho que me deu? Do motorzinho ligado e o coração batendo em meu colo? Talvez sua jornada tenha outro rumo agora, foi de repente e me deixou calada, mas não esquecerei do focinho gelado, da persuasão charmosa, do seu jeitinho autêntico para viver entre os humanos. Eu não esquecerei jamais de seu nome e de cada partezinha do seu ser. 
Muito obrigada por me encontrar naquela tarde e por aceitar passar esse tempo comigo. Você me encontrou, me adotou, cuidou de mim. Papel cumprido, foi embora do jeito que o vi pela primeira vez, como que surgido do nada, bem como os gatos fazem. 

Agora parta para sua próxima aventura e quando quiser, me encontre novamente Kiriku, mesmo que em uma outra forma, me encontre...

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Tinta na paleta, paleta na tinta.

O céu é azul, mas o azul do céu que eu vejo é tão doce...
Suave no tato, criança nos olhos, eterno na alma.
Eu gostaria ousadamente de saber se todos os azuis são iguais. Pois, pergunto-me agora - com calma e sem rimas - quem poderia garantir que o azul de outra pessoa não é o dourado de meu Sol?
E se for, não complico e mesmo assim te digo que o céu é azul, mas o azul do céu que eu vejo é tão doce...

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Sépia.

Escuto minhas antigas valsas. Escuto até extrair o sangue incolor que precisava tanto. Salga minha boca.
Mas eu não posso escrever sobre o que vejo, não sei descrever, não sei o que é. Eu olhei para fora da janela até que as luzes da cidade e as do céu acendessem. Uma por uma. Um pedido e um adeus, um começo e um fim.  E fica bem claro pra mim que eu não posso fazer o dia clarear novamente.
Fotografias caídas no chão estão pedindo: "onde está minha mente?" e eu me pergunto: "onde está minha mente?"
Eu giro e olho pro mesmo lugar mas tudo parece envelhecido, antigo, amarelado. Porém ainda não em preto e branco, ainda não. Apenas sépia. Como uma canção de ninar que quer ser cantada.
Finalmente cantei.