sábado, 4 de junho de 2011

Tem uma fábrica de chocolates na cidade.

Não. Ele ignorou o relógio de pulso desta vez. Não o quis. Sem tempo com números, sem números.
Vestiu seu jeans surrado e, com os olhos concentrados em um livro, colocou sua jaqueta predileta, mais como um abrigo do que por elegância.
Café. Ele cheira a café. Algumas vezes, parece ter ficado a noite toda acordado, cercado por montanhas de livros e papéis de trabalho, raciocínio apenas vindo de café. Ele deve ter uma máquina de escrever, não sei ainda o porquê, mas creio que ele tem uma máquina de escrever, mesmo que ela esteja apenas no espírito.
Ele é como um doceiro, um legítimo fabricante e criador de doces - mesmo que sejam doces incompreendidos. Ele implanta docinhos na mente dos seres humanos. Um inesgotável trabalho intelectual, como diria Marx, se bem que prefiro dizer inesgotável talento intelectual.
Saiu de um quadro, de uma guerra, saiu do teatro. Rosto de seis horas da tarde, improvável.
Ele seria um bom personagem. Ah, ele seria.