terça-feira, 4 de janeiro de 2011

natural não-cotidiano

Estava exposta ao nada quando ele bateu no vidro da janela.  As cores verde e vermelho refletiam em seu corpo. Tinha um rabo comprido que se balançava desajeitado, suas asas ainda sacudiam por causa do baque, provavelmente estava meio tonto. Os olhos amarelos me fitaram, não soube dizer exatamente o que me transmitiam. Atravessei a casa pelo lado direito até chegar onde estava e conforme me aproximei ele emitiu um estranho som.
Nunca vi ave como aquela, não devia ser da região. Tentei me comunicar, achei que por um momento seríamos amigos, mas minha forma o assustou, provavelmente sou o animal mais temido pelos pássaros. Nosso jeito de caminhar, a postura e nossos ruídos, acho que nenhuma ave gosta de seres humanos...
Continuou emitindo som, talvez eu tivesse entendido que precisava ir, talvez não. Levantou vôo e ultrapassou meus impotentes limites. Foi-se. Levou com ele um pedacinho de mim, uma pequena vontade de partir com ele.