domingo, 9 de janeiro de 2011

um tributo

Cara Nevra,

que dia mais lindo fez hoje, confesso que estava muito calor, mas afinal é verão e ah... que bela combinação!
As coisas mudam de mais, mas fiz eu mesma acreditar que isso é inevitável. Acho que tudo está mudando, mesmo que seja imperceptível.
Hoje vi algumas fotos antigas, elas me lembraram sentimentos que é meio difícil para mim escrever aqui. O pôr-do-sol daquela época e aquela brisa que embalavam nossas emoções. Era fácil atravessar o muro e era ainda mais fácil fazer novas amizades por ali. Lembra das minhas confissões? Dos meus pedidos? 
Você sabe de grandes segredos meus, segredos que não confiei para mais ninguém. Você acompanhou alguns de meus dias de drama e também me deu ótimos conselhos. Sei que me tornei alguém melhor com você.
Gostaria de dar os meus sinceros agradecimentos por tudo o que fez por mim. Você moveu o mundo com o simples balançar de seus galhos.
Quem sabe isto seja uma carta, ou talvez, apenas uma confissão momentânea.
Não queria que soasse triste, eu juro. Mas acho que não lido muito bem com a realidade.
Aumentaram o muro, fizeram calçadas, uma casa e um pequeno jardim de frente. (é tanta aparência que dá para ouvir o eco). Não queria ter pronunciado pragas, muito menos ter um pensamento de negação. Mas não consegui retirar o que disse naquela manhã, pelo menos, ainda não.
Senti um vazio algumas vezes. Não me tornei alguém mais consciente, confesso que já tive atitudes que não te agradariam.
Foi difícil aceitar o quanto é simples tirar uma vida. Simples como o barulho de uma moto-serra...
Me perdoe por não ter salvado a sua vida, como você já fez tantas vezes. Sou fraca comparada à você, Nevra.

Não farei um fim para você. Porque não acredito em finais.
Você tem obras maravilhosas e o ambiente é muito criativo! Seremos amigas enquanto eu respirar este ciclo e sua alma permanecerá em minha vida enquanto eu mesma permanecer viva.

Um tributo à simplicidade de uma Grande Árvore. Que o mundo possa enxergar pelos teus olhos e que estes jamais sejam esquecidos.